
Nos últimos anos, o cigarro eletrônico ganhou popularidade entre adolescentes e adultos jovens, sob a falsa ideia de que seria uma alternativa mais segura ao cigarro tradicional.
No entanto, as evidências científicas mostram que esses dispositivos não são inofensivos — muito pelo contrário. Eles trazem sérios riscos à saúde pulmonar, cardiovascular e mental, e seu uso é proibido pela Anvisa no Brasil.
Neste artigo, você vai entender como funciona o cigarro eletrônico, quais são seus componentes tóxicos, os danos que ele pode causar ao organismo e por que o seu uso deve ser evitado.
O que é o cigarro eletrônico e como funciona
O cigarro eletrônico, também conhecido como vape ou e-cigarette, é um dispositivo alimentado por bateria que aquece um líquido e o transforma em vapor para ser inalado.
Esse líquido geralmente contém nicotina, solventes como propilenoglicol e glicerina vegetal, além de substâncias aromatizantes.
Diferente do cigarro tradicional, que queima o tabaco, o cigarro eletrônico realiza a vaporização, o que pode dar a falsa impressão de que não produz substâncias tóxicas.
No entanto, estudos mostram que o vapor liberado carrega diversos compostos nocivos, incluindo substâncias cancerígenas e partículas ultrafinas que penetram profundamente nos pulmões.
Toxicidade e substâncias nocivas presentes no vapor
Embora não haja combustão, os líquidos usados nos cigarros eletrônicos liberam substâncias altamente tóxicas quando aquecidos. Entre os compostos identificados no vapor estão:
- Formaldeído e acroleína: irritantes potentes das vias respiratórias, associados a processos inflamatórios crônicos e risco de câncer.
- Metais pesados como níquel, cádmio e chumbo: liberados a partir das bobinas metálicas do dispositivo, com alto potencial tóxico.
- Nanopartículas metálicas: capazes de atingir os alvéolos pulmonares, gerando inflamação e danos celulares.
- Compostos orgânicos voláteis: presentes em muitos aromatizantes, podem causar reações alérgicas e irritações nas vias respiratórias.
Mesmo em níveis menores que os cigarros convencionais, esses elementos oferecem riscos consideráveis, especialmente com o uso contínuo.
Impactos do cigarro eletrônico na saúde pulmonar
Um dos maiores alertas da comunidade médica é a relação entre o cigarro eletrônico e danos pulmonares graves, inclusive em pessoas jovens e sem histórico prévio de doenças respiratórias.
Um exemplo é a EVALI (doença pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico), registrada inicialmente nos Estados Unidos. Ela causa inflamação pulmonar severa, falta de ar, febre, tosse persistente e pode levar à internação e até à morte.
Além da EVALI, outros problemas relacionados incluem:
- Inflamação crônica dos brônquios, semelhante à bronquite;
- Aumento do risco de infecções pulmonares e pneumonias;
- Desenvolvimento precoce de enfisema pulmonar, mesmo em usuários jovens;
- Redução da função pulmonar em exames de espirometria.
Em pessoas com histórico de asma, DPOC ou outras doenças respiratórias, os efeitos são ainda mais preocupantes, podendo agravar significativamente os sintomas.
Riscos cardiovasculares e outros danos sistêmicos
A nicotina presente no cigarro eletrônico continua sendo uma substância vasoconstritora potente, que eleva a pressão arterial e acelera os batimentos cardíacos. Isso contribui para o aumento do risco de:
- Hipertensão;
- Infarto agudo do miocárdio;
- Acidente vascular cerebral (AVC);
- Morte súbita por arritmias cardíacas.
Mesmo entre usuários ocasionais, os riscos aumentam com o tempo de uso, especialmente quando combinados com outros fatores como sedentarismo e má alimentação.
Dependência química e efeitos psicológicos
A maioria dos líquidos utilizados nos cigarros eletrônicos contém nicotina em concentrações elevadas — muitas vezes maiores do que em um cigarro convencional. Isso faz com que o potencial de dependência seja alto, especialmente em adolescentes.
Estudos mostram que o uso precoce de cigarros eletrônicos pode:
- Levar ao consumo de cigarros tradicionais;
- Prejudicar o desenvolvimento cognitivo em jovens;
- Aumentar o risco de ansiedade, irritabilidade e depressão;
- Estimular comportamentos compulsivos e perda de foco.
A facilidade de acesso e a variedade de sabores mascaram os riscos, tornando o cigarro eletrônico ainda mais atraente para adolescentes.
Perigos da exposição passiva ao vapor do cigarro eletrônico
Assim como ocorre com o cigarro comum, pessoas que convivem com usuários de vape também ficam expostas às substâncias tóxicas do vapor.
A exposição passiva ao aerossol liberado pode causar irritações nos olhos, garganta e nariz, além de aumentar o risco de problemas respiratórios em crianças, gestantes e idosos. O risco é maior em ambientes fechados, como dentro de casa ou em veículos.
Considerações sobre a proibição e o mercado ilegal no Brasil
A Anvisa proíbe a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil desde 2009. Essa decisão foi baseada na falta de comprovação científica sobre a segurança dos dispositivos e nos riscos já identificados.
Apesar disso, o mercado ilegal continua crescendo, alimentado por vendas online e redes sociais. Isso torna o controle mais difícil e amplia os desafios da saúde pública, principalmente entre adolescentes.
A ausência de regulamentação clara e a falta de fiscalização efetiva expõem a população a produtos de baixa qualidade, com substâncias ainda mais perigosas e sem controle de origem.
Conclusão: Por que evitar o uso do cigarro eletrônico
O cigarro eletrônico não é seguro nem inofensivo. Ele causa danos reais e potencialmente graves à saúde pulmonar, cardiovascular e mental. Seu uso pode levar à dependência química, piora de doenças respiratórias e aumento do risco de infartos e derrames — além de colocar em risco também quem está por perto.
Se você já utiliza ou está pensando em experimentar o cigarro eletrônico, é hora de reconsiderar. Buscar apoio profissional para parar é o caminho mais seguro para proteger sua saúde.
Dr. Bráulio Nunes, especialista em pneumologia, com foco no diagnóstico e cuidado individualizado das doenças respiratórias, o atendimento está disponível tanto presencialmente em São José dos Campos quanto por teleconsulta.
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